sábado, 31 de março de 2012



Sairei sim, e muitas outras noites
celebrarei açoites piores do que este
de contemplar perante telas, a vida
seguir a mesma comédia que não nos
faz rir tanto desde a última Idade Média...


Celebremos o ibope da perversão
que invade nossas salas!
Os exorcismos que ao vivo,
expelem tudo, menos o que era preciso;

Celebremos,
temos motivos até demais,
se não a paz,
celebremos a estupidez de quem comemora
50 anos de dita dor
e sonhos interrompidos...

Rompidos pela infâmia de ser impossível,
celebremos nós, que levamos
no rosto um sorriso risível, quase invisível.
Mas ao que me parece é em vão o sorriso
e também todo esse poema, enfizema intelectual.

Celebremos o pessimismo latente feito libido,
nossa vontade anônima, nossa arte em coma,
nossa vocação para desonra...

Celebremos sim!

 Pois pulsa, ainda que moribunda,
uma boemia que vagabundeia

por entre veias defloradas...

Mas há tanto que se brindar,
 que são poucas as doses,
poucos os fígados...

Poucos os Ícaros que se arriscam
a bater asas...

terça-feira, 27 de março de 2012

Dia Mundial do Teatro

O teatro, meu amor, é o que nos mantém,
da máscara caída ao termo vestido,
cantemos além, meu amor,
acordados, porém...

Somos um só canto,
somos um só manto,
que nesse vai e vem
somam-se sonhos,
dividem-se pesos,
ama-se alguém...

Abrem-se as cortinas!

Eu quero mais, mais desse mantra,
mais do trago, mais desse samba;

começou a cena e tudo nos grita ser mutante,
tudo nos berra ser uma parte,
seja pelo tempo, que ora é lento,
seja pelo vento, que ora é brisa,
mas mesmo assim nos incentiva a metamorfose
nos permite à próxima dose,
nos leva a outras paixões...

O teatro, meu amor,
o teatro é como um momento,
é tão digno de ser único e sagrado
quanto qualquer instante,
de ser profano e safado,
quanto qualquer amante...

Pois ele, o teatro meu amor,
é pra quem não se agüenta,
pra quem de tanta vontade,
de tantas mentiras,
transborda de humanidade
e escorre em vidas...