sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Interno Enfermo



Incontáveis vidas inalcançáveis de rostos a poucos metros de amor, erguem-se sobre as costas ausências úmidas contorcendo lágrimas contra os chakras num abraço desesperado e longo, nem bonito, nem feio, apenas palpável e inerente aos contextos; sujeitos e verbos transfundidos evitam a primeira pessoa, a narrativa é comum a todos e a ninguém, e mesmo que não fosse, não faria diferença alguma... Nada é separado, tudo é a distância que divide os lados de um todo maior que a ilusão diaria que nos convence dos pesares, fios de cabelo não sentem saudade das unhas do pé, e ambos cumprem sua função, e caem... desesperançosa distância interna em torno de si mesmo... devemos, sem armas, revoltarmo-nos, e então a morte cuidará de separar o joio do trigo, que restem apenas dedos que se assentam sobre gatilhos, o inimigo não é nosso, o inimigo se pertence, e nos pretende o que se levanta dele contra ele, implorando com raiva tudo o que temos, sem saber que apenas o somos...

sexta-feira, 24 de maio de 2013

sou apenas momento,
e isso me basta, (mas não sara)
tenho os ideais de um vira-lata,
existo no que persisto
e sobro do que desisto. (reesisto)
espalhado pelas ruas, feito bitucas,
sou pedaços esquisitos de mim,
anoitecido, disposto a queimar
um pouco mais do estopim;
como um animal juvenil,
um lobisomem sentimental
versos me socam o estômago
e se organizam em vômito e sangue,
ainda tento rimar, mas minha métrica
são postes em pane nos becos da insônia...

domingo, 8 de abril de 2012

O Manifesto Sobre Parar


É preciso parar.
Parar mais,

para sob as sombras
dessas raras árvores,
ser,

e perceber a bagunça,
a estúpida labuta
por metas estúpidas,
e o que nos estupra
em cada televisor.

É preciso que se pare,
repare-se como se dói,
como se corrói teimar,
sonhar e amar...

Parar mais sobre olhares.
Pairar mais sobre detalhes
que na maioria das vezes
são sempre tão importantes...
quanto destoantes...

não que isso signifique
deixar de avançar,
mas parar é um dom cujo
o Tempo nos concede,

pra que se possa prosseguir,
distinguir as necessidades
básicas entre viver e morrer...

Paremos,
pra que se pare o monstro que
parimos...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia da Verdade

A esperança se tornou uma ferida
aberta e infeccionada no meu peito
e o seu pus mela e fede os meus sonhos;

pelo ferimento escorre aos poucos,
lágrimas e raiva, sangue e um espírito oco,
mas que outrora já esteve rouco
em gritos de/por liberdade
e o pus enferrujou as cordas e vontades vocais,

e secou na índole dos homens,
numa indolente e luxa libido que goza sangue
e sangra espermas...

sábado, 31 de março de 2012



Sairei sim, e muitas outras noites
celebrarei açoites piores do que este
de contemplar perante telas, a vida
seguir a mesma comédia que não nos
faz rir tanto desde a última Idade Média...


Celebremos o ibope da perversão
que invade nossas salas!
Os exorcismos que ao vivo,
expelem tudo, menos o que era preciso;

Celebremos,
temos motivos até demais,
se não a paz,
celebremos a estupidez de quem comemora
50 anos de dita dor
e sonhos interrompidos...

Rompidos pela infâmia de ser impossível,
celebremos nós, que levamos
no rosto um sorriso risível, quase invisível.
Mas ao que me parece é em vão o sorriso
e também todo esse poema, enfizema intelectual.

Celebremos o pessimismo latente feito libido,
nossa vontade anônima, nossa arte em coma,
nossa vocação para desonra...

Celebremos sim!

 Pois pulsa, ainda que moribunda,
uma boemia que vagabundeia

por entre veias defloradas...

Mas há tanto que se brindar,
 que são poucas as doses,
poucos os fígados...

Poucos os Ícaros que se arriscam
a bater asas...

terça-feira, 27 de março de 2012

Dia Mundial do Teatro

O teatro, meu amor, é o que nos mantém,
da máscara caída ao termo vestido,
cantemos além, meu amor,
acordados, porém...

Somos um só canto,
somos um só manto,
que nesse vai e vem
somam-se sonhos,
dividem-se pesos,
ama-se alguém...

Abrem-se as cortinas!

Eu quero mais, mais desse mantra,
mais do trago, mais desse samba;

começou a cena e tudo nos grita ser mutante,
tudo nos berra ser uma parte,
seja pelo tempo, que ora é lento,
seja pelo vento, que ora é brisa,
mas mesmo assim nos incentiva a metamorfose
nos permite à próxima dose,
nos leva a outras paixões...

O teatro, meu amor,
o teatro é como um momento,
é tão digno de ser único e sagrado
quanto qualquer instante,
de ser profano e safado,
quanto qualquer amante...

Pois ele, o teatro meu amor,
é pra quem não se agüenta,
pra quem de tanta vontade,
de tantas mentiras,
transborda de humanidade
e escorre em vidas...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Cegonha morreu teu feto, cegonha!


É de sangue preto de negro que
Peter White de Petróleo
apreteja o verde do mar

Oi cadê iemanjá!
Oi já vem pra nos lavar
!