sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Conhaque Não Tem Bula

e a minha vida necessita da tua...

vagando sem coleira e sem rumo pelas ruas,
tenho nas mãos um conhaque e nas costas a chuva,
caindo como se fossem finas e geladas plumas,
seus pingos escorrem no meu rosto,
onde gotas e suor fazem uma confusa mistura...
embriagado e molhado,
faço meu caminho marcando território,
de poste em poste, de cigarro a cigarro...

minha vida necessita estar do teu lado...

http://www.recantodasletras.com.br/audios/cancoes/44169

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Apaixonados Anônimos

A.A.

Meu nome é qualquer um,
tenho todos os anos de idade e
viciei-me na mais forte droga.

O primeiro baque foi aplicado.

ela, que abusando da beleza,
me persuadia e dizia
que era natural e não viciava;

Chamava de amor.
Carinhosamente, a mim e à droga.

Inocente, eu não sabia que doía,
gostei da viagem...

Exagerei no gole
e transbordei meu peito
na maior de todas as doses...

Ignorando qualquer possibilidade de overdose

Que por um triste acaso não veio,
obrigando-me, agora,
a conviver com os desesperos da abstinência...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Grande Mar e o Pequeno Momento

Minha vida inteira é um momento,
e inconseqüente eu me contento;

mergulho até onde dá pé
em qualquer mar de circunstância

e tenho fé;

Fé de que isso seja a única substância
capaz de tornar a vida mais suportável,
não confortável - repare - menos estranha.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Faz de Conta que é Fácil

Grita menina,
grita que tem do teu lado quem te anima!

Grita menina, berra pela vida!

Sonhe sempre o futuro,
mas brinque sarcástica em cima do muro!

Maluca ou poeta, que interessa?
A expressão de nossa maluquez
é nossa licença poética!

Grita, vomita toda essa sina,
prove do fel da rebeldia,
embriaga-te de sabedoria...

Afinal, tudo acaba um dia...
Finda-se o grito, a sina e a vida...

Então se despida do passado
Se dispa do medo...

O único caminho do prazer eterno
é o nosso próprio inferno...

Permita-se!


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Só Mais Cinco Minutos

Eu vi a segunda-feira
acordar, trêmula,
antes mesmo
do despertador tocar,
sem sono,
ela foi cuspida
do mundo dos sonhos
e acordou cinza;
com frio e despida,
levantou-se
cambaleou até o espelho
e afogou-se
nas águas ácidas da pia...
Mas ainda assim,
reergueu nos ombros
o peso das necessidades
e rumo ao mesmo,
marchou vislumbrando
o abismo...

domingo, 25 de setembro de 2011

.


Risquei um traço
sem saber
o que dele faço,
bem como ser
é traçar a esmo
si mesmo, trago
no lombo o meu cansaço...

pois me desfaço de ser
um espaço isento de desabafos
e se ainda aperto minha vista no horizonte,
não reclamo desse meu olhar escasso
- não que me satisfaço –
é que qualquer sorriso,
esboça tanto sarcasmo...

sábado, 24 de setembro de 2011

...


Eu olho para o violão, sinto vontade,
enfrento a linha da minha limitação
e caio exaurido, a dois passos do paraíso,
a duas milhas de um sorriso – não grito.

Calo-me de fumaça, penso na vida a viver.
Forço. Uma vez e cedo. Duas. Agora ergo-me
nas entrelinhas desse poema.

Se pudesse, eu gostaria do seu colo, todo dia
perco-me nessa minha mania de esquecer.
Esqueci que posso. Que preciso. Devo...

Ontem reclamei da chuva
que nem reclamava de injeção.
É primavera, eu pensei.
A flora urbana ainda sabe.
Apesar do pixe quente,
do desdém da gente.
Ela ainda floresce, entre edifícios
e fios, carros e avenidas.
Como quem pedisse esperança...

Quero pensar em cada pétala
como uma possibilidade...