domingo, 8 de abril de 2012

O Manifesto Sobre Parar


É preciso parar.
Parar mais,

para sob as sombras
dessas raras árvores,
ser,

e perceber a bagunça,
a estúpida labuta
por metas estúpidas,
e o que nos estupra
em cada televisor.

É preciso que se pare,
repare-se como se dói,
como se corrói teimar,
sonhar e amar...

Parar mais sobre olhares.
Pairar mais sobre detalhes
que na maioria das vezes
são sempre tão importantes...
quanto destoantes...

não que isso signifique
deixar de avançar,
mas parar é um dom cujo
o Tempo nos concede,

pra que se possa prosseguir,
distinguir as necessidades
básicas entre viver e morrer...

Paremos,
pra que se pare o monstro que
parimos...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia da Verdade

A esperança se tornou uma ferida
aberta e infeccionada no meu peito
e o seu pus mela e fede os meus sonhos;

pelo ferimento escorre aos poucos,
lágrimas e raiva, sangue e um espírito oco,
mas que outrora já esteve rouco
em gritos de/por liberdade
e o pus enferrujou as cordas e vontades vocais,

e secou na índole dos homens,
numa indolente e luxa libido que goza sangue
e sangra espermas...

sábado, 31 de março de 2012



Sairei sim, e muitas outras noites
celebrarei açoites piores do que este
de contemplar perante telas, a vida
seguir a mesma comédia que não nos
faz rir tanto desde a última Idade Média...


Celebremos o ibope da perversão
que invade nossas salas!
Os exorcismos que ao vivo,
expelem tudo, menos o que era preciso;

Celebremos,
temos motivos até demais,
se não a paz,
celebremos a estupidez de quem comemora
50 anos de dita dor
e sonhos interrompidos...

Rompidos pela infâmia de ser impossível,
celebremos nós, que levamos
no rosto um sorriso risível, quase invisível.
Mas ao que me parece é em vão o sorriso
e também todo esse poema, enfizema intelectual.

Celebremos o pessimismo latente feito libido,
nossa vontade anônima, nossa arte em coma,
nossa vocação para desonra...

Celebremos sim!

 Pois pulsa, ainda que moribunda,
uma boemia que vagabundeia

por entre veias defloradas...

Mas há tanto que se brindar,
 que são poucas as doses,
poucos os fígados...

Poucos os Ícaros que se arriscam
a bater asas...

terça-feira, 27 de março de 2012

Dia Mundial do Teatro

O teatro, meu amor, é o que nos mantém,
da máscara caída ao termo vestido,
cantemos além, meu amor,
acordados, porém...

Somos um só canto,
somos um só manto,
que nesse vai e vem
somam-se sonhos,
dividem-se pesos,
ama-se alguém...

Abrem-se as cortinas!

Eu quero mais, mais desse mantra,
mais do trago, mais desse samba;

começou a cena e tudo nos grita ser mutante,
tudo nos berra ser uma parte,
seja pelo tempo, que ora é lento,
seja pelo vento, que ora é brisa,
mas mesmo assim nos incentiva a metamorfose
nos permite à próxima dose,
nos leva a outras paixões...

O teatro, meu amor,
o teatro é como um momento,
é tão digno de ser único e sagrado
quanto qualquer instante,
de ser profano e safado,
quanto qualquer amante...

Pois ele, o teatro meu amor,
é pra quem não se agüenta,
pra quem de tanta vontade,
de tantas mentiras,
transborda de humanidade
e escorre em vidas...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Cegonha morreu teu feto, cegonha!


É de sangue preto de negro que
Peter White de Petróleo
apreteja o verde do mar

Oi cadê iemanjá!
Oi já vem pra nos lavar
!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Bixo ou carrapixo?


Eu que pra nascer
careci de prazer e precisei da dor;
que pra crescer
careci de amor e muito amanhecer

depois de crescido,
(já sem poder engatinhar despido)
dizem que preciso
de papéis e números imprimidos,

pois identificaria minha decência;
que isso, aquilo e uma sequência
de um tempo cuspido, mas cumprido
justificaria então minha existência

assim, eu
que pra viver
só precisaria de amor e de você,
que pra comer
só tinha que plantar e colher,

sou um troço urbano, humano
que já deixou de ser bixo,
que trocou frutos por lixo...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Tanto Sol

ele abriu os olhos, dificultosamente,
e achou que a janela seria muito,
não queria mais aquele mundo...
então como se fosse simples,
ele fechou os olhos, facilmente,
e percebeu que não dependia
da janela estar aberta,
as frestas não eram a prova de tanto sol,
muito menos suas pálpebras...

era cedo, quase fevereiro,
e teve medo daquela manhã...

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Varal Azul

Passam-se os dias,
dias passam-se,
sonhos de brincar
nas noites do querer

Pendurei meus olhos
nos varais da paz
pra secar os olhos
de olhar pra tr